Cartas de Zila Mamede
Universidade de São Paulo, agosto de 2015.
Pensar que todos aqueles livros raros, antigos, a maior biblioteca do Brasil sobre o Brasil pertencia a um casal e que foi o projeto de toda vida.
O edifício é moderníssimo e levou certo tempo de construção. Anunciado, sou encaminhado à bibliotecária Cristina Antunes. O assunto da visita é cartas da poeta Zila Mamede para José Mindlin.
Conheci Zila Mamede, aquela mulher pequena, ágil, que passava dias na biblioteca (quando era na casa do casal) em pesquisa e depois se ia. Cristina conta que as cartas da poeta estão lá. Foi um desejo de Zila que a sua correspondência viesse para o acervo de Mindlin.
Por um sucessão de portas automáticas chego a seção de acervos. Cristina explica, além dos livros a biblioteca abriga o acervo de alguns escritores. Para a minha surpresa, o primeiro acervo a ser trabalhado é o de Zila Mamede.
José Francisco é o arquivista responsável e vai apresentando a metodologia utilizada para catalogação das cartas (cartas de João Cabral de Melo Neto, Rubem Braga, Oswaldo Lamartine, um sem número de escritores brasileiros e estrangeiros), abre pastas e me mostra os originais.
Encontro a vida de Zila ali escrita e a história da bibliografia de João Cabral de Melo Neto, obra a que se dedicou nos últimos anos de sua vida. Mas o melhor está por vi: Cristina me traz a pasta, uma pasta comum, nela a correspondência de uma amizade que nasceu do amor aos livros: cartas de Zila para José Mindlin.