Caju, a exposição
O caju é um mundo e a exposição Caju em cartaz na Pinacoteca (do Estado do Rio Grande do Norte), em Natal, Cidade Alta, é uma prova. Uma reunião de artistas de ontem, gente de hoje, gente de sempre, e todo mundo junto em volta do caju.
Trinta e três artistas e incontáveis obras-cajus albergadas em dois salões térreos, formando um cajueiro de muitos, tantos e diversos estilos, formas, olhares e apresentações do caju.
A exposição é uma proposta da Editora da UFRN em parceria com a Pinacoteca e a tríplice curadoria de Angela Almeida, Rafael Campos e João Natal. Foi aberta no dia 09 de dezembro de 2023 e segue até acabar a safra do caju em março de 2024.
A cada obra, acompanha uma apresentação do artista, invenção da curadoria que permite para além do caju uma chamada para o universo da trajetória e obra de cada um. Assim, todo mundo fica conhecido, cada artista devidamente perfilado para além do nome da obra, técnica e dimensões.
Ente cajus, ficamos sabendo mais que Mario de Andrade quando andou por aqui provou e se deliciou de caju, ele mesmo dizendo que devorou dunas e mais dunas de caju; outro modernista, esse local, o Jorge Fernandes, versejou cajus virgulados de castanhas. Essas, sim, o fruto.
Também foi Cascudo quem nos ensinou que os potiguara eram papa-cajus e guardavam castanhas, safra a safra, para marcar o calendário da vida. Antes deles, disse a poetisa Palmyra Wanderley, em verso, do sabor azedo doce do caju.
Hélio Galvão, por sua vez, lá nas Cartas da Praia, conta que a folha do cajueiro é útil para polir vidro de relógio e mais um bocado de coisa. Ele criança usou para polir seus brinquedos. Do caju, meninos cajueiros fizeram profissão de porta em porta oferecendo caju, diz Otávio Sitônio Pinto.
De maneira que entre cajus muito e tanto se fica sabendo ali sobre o caju. Inclusive, que a única coisa que parece que falta ao caju é virar emoji e já tem petição organizada solicitando providências a respeito. Aguardemos!
O mais é João Cabral de Melo Neto a dizer que o cajueiro é anarquista, cresce como e para onde quer. E assim está a exposição, uma reunião, um encontro, e bem no tempo que propício, pois já se vê pela cidade o que está posto noutro versinho de Fernandes: “verão – dezembro de cajuadas –”.