Casa do poeta Vinicius de Moraes
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
No encontro do céu e mar. A Itapuã que o poeta Vinicius de Moraes canta, revelando a tarde na praia. Itapuã nome indígena, Tupi, significa “pedra redonda”, vila pequena de pescadores. Mar, água de coco, céu e o imprescindível para o poetinha: o amor.
Enamorado da baiana e mulata Gessy Gesse, não quis outra Pasárgada que passar o tempo e a vida em Itapuã, e assim dela se fez dom, assinando cartas: Dom Vinicius de Itapuã. Corriam os anos 1970, Vinicius juntou um jipe, um cachorro, a mulher e algumas túnicas e foi montar casa na praia. Casa à beira-mar, quatrocentos metros quadrados. Projeto de Jamison Pedra e Sílvio Robatto e forma de casa baiana: aquela que é para se chegar e ficar e ser de todo mundo.
Protegida pelo Farol de Itapuã bem em frente, casa grande de esquina e com jardim. Muro baixo e primeiro andar, uma varanda sem tamanho tomando toda a frente, necessidade básica do poetinha, que cultivava o hábito da casa cheia, noite em claro, festa entre amigos. Esculturas e pinturas do artista Udo Knoff, piscina contornada por pedras portuguesas.
Vinicius descreve a casa em poema à amada Gessy: “duas torres laterais em hexágono (uma das quais é o teu solário) e os dois telhados superpostos. Em rampa suave, apontando o mar. Uma casa branca e brique. Com elementos azuis e nenhum bric-à-brac: alvenaria, telhas coloniais, madeira, couro e vime só eles capazes de resistir ao salitre que o vento atira feroz contra os metais”. Seis quartos e uma peculiaridade, aliás, único luxo a que se permitia o poeta: uma banheira com vista para o mar.