Dicionário Oswaldo Lamartine
O jornalista Woden Madruga, na sua coluna Jornal de WM, na Tribuna do Norte, domingo, 29 de junho de 2024, volta a tratar do Dicionário Oswaldo Lamartine, livro de Gustavo Sobral em preparo, com previsão para lançamento no segundo semestre. Uma edição sertaoeditora.com
Dicionário de Oswaldo
Retomo a minha conversa com o pesquisador Gustavo Sobral que está nos arremates finais do “Dicionário Oswaldo Lamartine”, trabalho que vem organizando há algum tempo. Ele fala, eu anoto:
- Nunca, nunquinha deixei de vaquejar os rastros de Oswaldo Lamartine. Uma parte deste atrevimento saiu em primeira leva naquela tal biografia da obra que fiz. Continuei nesse reco-reco de lá para cá, tendo aqui e ali, encontrando outras coisas, e fui desenhando pouco a pouco, passo a passo, uma ideia de um dicionário Oswaldo Lamartine – fui também ver e ler “Borges Enciclopédico e dei conta do “Dicionário Machado de Assis” e vi um que saiu de Drummond, mas não li.
- Sobre este dicionário, vou tomar a liberdade de – aprendi com Oswaldo, ser direto, econômico e prático. Trechos de depoimentos, passagens de discursos, livros e cartas aparecem como verbetes e nos verbetes. Oswaldo Lamartine é também aqui autor e há também a presença de outras vozes, como a da escritora Rachel de Queiroz.
- Um desses verbetes é o depoimento de Melquíades Pinto Paiva, pesquisador e escritor cearense: “Oswaldo Lamartine de Faria foi um dos meus grandes e fraternos amigos. Encontramo-nos pessoalmente, no Rio de Janeiro, após vir aqui morar em 1975, mas já trocávamos cartas, sempre a respeito da fauna do Seridó, cujo conhecimento que ele detinha era exuberante. Quando Rachel de Queiroz começou a escrever “Memorial de Maria Moura”, deu início ao verdadeiro ‘bombardeio’ de perguntas sobre o antigo sertão nordestino, a mim endereçadas. Tinha que muito estudar, para responde-las, mas faltava tempo necessário para isto. Para solucionar tal problema, resolvi indicar o amigo Oswaldo Lamartine à famosa escritora, como pessoa capaz de ir respondendo suas indagações sobre o velho sertão e suas coisas. Ele aceitou o honroso convite de Rachel e bem desempenhou a difícil missão.
Melquíades continua: - No início íamos todas as quartas-feiras, de noite, ao apartamento da Rachel, “minha mãe adotiva” – segundo ela, quando Oswaldo respondia às perguntas, mostrava coisas antigas e maneiras de as construir e usar, sem falar nos escritos e desenhos de uma caderneta – hoje desaparecida -, de sua autoria. Uma boa sugestão para o estudo que você está fazendo: encontre dita caderneta e publique seu conteúdo, com explicações necessárias. Fiquei feliz com o acerto de minha sugestão, quando vi que o “Memorial de Maria Moura” foi a ele – Oswaldo Lamartine de Faria – dedicado. ”
Gustavo Sobral acrescenta: - Um dos verbetes trata, tintim-por-tintim do documento no acervo de dona Rachel que achar lá no Moreira Salles, do Rio, no qual Oswaldo anotou coisas para ela usar em “Memorial de Maria Moura”. O documento se chama “Pesquisa de linguagem de armas e objetos para a construção de Memorial de Maria Moura.
- Numa verdadeira peleja, de biblioteca em biblioteca, finalmente encontrei no acervo de obras raras da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, um exemplar da revista Nordeste, de 1948, na qual Oswaldo publicou seu primeiro trabalho sobre caça, com o título: “Métodos de caça do sertanejo norte-rio-grandense”.