Um guia para a Ribeira do presente
Octávio Santiago é jornalista e tanto vive quanto olha a cidade em que vive, portando encanto e humor, inteligência e perspicácia na sua boa prosa, e foi acrescentando alguns diálogos, conversas, e fotografias de Ian Rassari, numa proposição gráfica de Danilo Medeiros e ilustrações Casulo Cria, que compôs uma Ribeira em “Enquanto eu existir: inventario da Ribeira que (sobre)vive 2023-2024”, criação da Quero Prosa e com incentivo do Edital de Economia Criativa do Sebrae-RN. A distribuição é gratuita.
A Ribeira de Octávio Santiago é roteiro sentimental e prático de quem se veste de cidadão, desce a ladeira de Marpas e vai bater perna na Ribeira. Octávio sai à explorador e o resultado é um esquadrinhamento do bairro, em vértices que se revelam em reunião de singularidades e coletivos, explica-se: o que tem de único se avizinha ao que tem de sobra. O resultado é que aparece uma Ribeira que abriga ateliê de arte e escolas de dança, clubes de remo e venda ferragens, uma Ribeira na qual ainda se mora e se faz jornal, livros e publicidade, se vende peixe, bolo e café, uma Ribeira que se faz viva e de gente.
Classificada nos seus serviços, a Ribeira de Octávio Santiago é um retrato de um instante que ele nos faz ver de um bairro que teve praça ajardinada na Belle Époque, fausto no teatro com apresentações musicais consagradas, Faculdade de Direito, Museu de Cultura Popular, que inspirou poetas nas esquinas, e muita prosa aos cronistas da cidade, e que naufragou nas chuvas. Uma Ribeira que foi e é tantas, uma Ribeira que nasceu caminho entre a cidade Alta e o Fortaleza e agora é mais neste apanhado vivo do que sobra, persiste, insiste e reside no retrato do presente de um bairro que agora encontra o seu guia em Octávio Santiago.
Publicado na Revista ANRL, nº78, jan/mar.2024., p.42-43.