Tribuna do Norte, Viver, 21 de agosto de 2019. Escritor e jornalista Gustavo Sobral narra em textos curtos, ao estilo da crônica, a memória do seu lugar no período entre 1599 e 1899

Ramon Ribeiro, Repórter

O escritor e jornalista Gustavo Sobral é um apaixonado por Natal, cidade onde nasceu, cresceu e se estabeleceu. Mas tanto quanto apaixonado ele é um curioso pelas coisas da sua terra.  Aqui produziu todos os seus livros – e não são poucos, quase 20, isso de 2010 para cá. Praticamente toda sua obra é voltada para assuntos da cidade, seja olhar sobre a arquitetura moderna local, um passeio gastronômico pelo bairro de Petrópolis, ou um perfil de cronistas que marcaram a década de 50. Agora Gustavo decidiu ir mais profundo, mergulhando nas profundezas do passado da capital potiguar.

Desse mar o autor emergiu com “História da Cidade do Natal” (Editora 8, 2019), seu mais novo livro, onde narra, em textos curtos, ao estilo da crônica, a memória do seu lugar, vindo desde 1599 até o ano de 1899. O lançamento será nesta quarta-feira (21), das 17h às 20h, na Flora Cafeteria (Floricultura Flor de Algodão, em Petrópolis).

“É um trabalho afetivo, feito sob o olhar da crônica, plural, porque traz várias vozes. Tem a lenda de Manoel Dantas, tem Cascudo… É também um trabalho que dialoga com a cidade, com as ruas, personagens, imagens históricas”, conta Gustavo. Mas ele ressalta que a obra é apoiada em pesquisa histórica. Foram consultados jornais da época, documentos oficiais, acervos importantes, como do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, além de livros de historiadores referencias, como Tavares de Lyra, Itamar de Souza e Câmara Cascudo. “Tem diferentes olhares, mas não invento nada”.

Toda sua apuração sobre três séculos da cidade ele diluiu em 69 páginas. A história é narrada de forma fragmentária, em pedaços curtos, em que cada pedaço aborda um acontecimento, personagem, verbete, monumento, rua, data. No entanto, embora fragmentária, a narrativa não é um mosaico embaralhado. Os temas surgem atendendo a uma cronologia, mas não uma cronologia muito marcada, a leitura flui sem interrupções. Segundo afirma o autor, o objetivo é ser uma obra fácil para o dia a dia, algo leve, mas que desperte a curiosidade para outras obras históricas.

Sobre o período pesquisado, 1599 a 1899, Gustavo explica que é um período histórico que tem ficado esquecido de estudos. “A gente vê muitos autores se voltando para os tempos mais recentes. O período da 2ª Guerra tem muito material. A Belle Époque, no início do século passado, também. Os anos 50 eu já está escrevi sobre. Então achei importante jogar luz sobre a história mais antiga”, argumenta.

Um detalhe curioso é a imagem da capa, um desenho feito pelo artista Dorian Gray Caldas para Gustavo quando este o entrevistou para um livro sobre Newton Navarro, em 2011. “Durante a conversa, onde falamos bastante sobre a vida da cidade, ele fez esse desenho de Natal pra mim. Estava emoldurado na parede de casa. Sempre penso bastante em todo o processo que envolve a publicação. Então lembrei do desenho, que ele tinha tudo a ver com livro”.

Livro disponível para download gratuito: História da cidade do Natal