IHGRN destaca a importância do livro Historiadores do Rio Grande do Norte

O livro Historiadores do Rio Grande do Norte (Biblioteca Ocidente, 2025) reúne perfis biográficos sobre historiadores potiguares dos séculos XIX e XX. É a primeira publicação do gênero no estado. A presidente Joventina Simões e o vice-presidente Pedro Simões do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), que é também autor de verbetes do livro, comentam a relevância e importância da obra.

 

O IHGRN é voltado para a preservação da memória, o fomento à pesquisa e a divulgação da história do Rio Grande do Norte. Como a publicação Historiadores do Rio Grande do Norte dialoga com essa missão institucional? De que modo ela se torna relevante para a historiografia potiguar?

Joventina Simões:  A missão do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte está diretamente voltada à preservação e difusão da história e da cultura potiguar, conforme estabelecido em nosso Estatuto.

A publicação Historiadores do Rio Grande do Norte contribui de modo singular para essa finalidade, ao reunir, de forma inédita, perfis biográficos de pesquisadores que se dedicaram ao estudo e à interpretação da história do nosso estado.

Esta obra representa não apenas um marco editorial, mas também um importante instrumento de valorização da memória intelectual norte-rio-grandense. Ao documentar a trajetória de historiadores dos séculos XIX e XX, muitos dos quais estiveram ligados ao próprio Instituto, ela reforça nossa identidade institucional e amplia o acesso da sociedade a esse legado.

Em tempos de acelerada transformação social, preservar e reconhecer a contribuição de quem construiu os alicerces do nosso conhecimento histórico é, também, um ato de responsabilidade com as futuras gerações.

 

Considerando o acervo do IHGRN e seu histórico de publicações e ações de preservação como museu, biblioteca, arquivo, exposições, revistas, como avaliam o impacto de uma obra que traz perfis de historiadores potiguares?

Joventina Simões e Pedro Simões: Historiadores do Rio Grande do Norte representa um importante acréscimo ao patrimônio intelectual potiguar. Embora o acervo do Instituto esteja atualmente em fase de reestruturação e organização, o livro cumpre um papel complementar e necessário ao reunir, em um só volume, perfis de autores que construíram os alicerces da produção histórica no estado.

Muitos dos nomes biografados são patronos de cadeiras do IHGRN, e suas trajetórias representam, simbolicamente, a própria identidade da instituição. A publicação resgata histórias de vida e trajetórias acadêmicas que dialogam diretamente com os valores do Instituto: a valorização da memória, o reconhecimento da cultura local e o incentivo à pesquisa histórica.

O impacto da obra reside justamente nisso — na sua capacidade de democratizar o acesso ao conhecimento sobre os que escreveram a história do Rio Grande do Norte, promovendo visibilidade a vozes que, em muitos casos, encontravam-se dispersas ou esquecidas.

 

Pedro, você também pesquisou e escreveu sobre algum dos historiadores presentes no livro. Poderia comentar de forma geral como foi o processo de pesquisa e redação?

Pedro Simões: Em virtude de nosso acervo se encontrar fechado para a organização, não foi possível pesquisar nele, então já houve uma dificuldade inicial, porque como todas as personalidades que fiquei incubido eram sócios, tem uma grande possibilidade de nossos acervos possuírem algo sobre eles que as fontes pesquisa — majoritariamente secundárias — que utilizei não devem ter.

Mas, apesar disso, e tendo conhecimento que essa organização é para possibilitar não só a identificação correta dos itens, como a compreensão do que verdadeiramente possuímos e proporcionar meios de garantir condições de conservação e preservação desse material ou da informação registrada; como futuramente do retorno das pesquisas, é compreensível ter a negativa de o utilizar agora. Logo, decidi agir de maneira mais sistemática.

No caso de Tobias Monteiro, por eu admirar o “Triunvirato” da história potiguar — Augusto Tavares e Lyra, Tobias Monteiro e Rodolfo Garcia —, eu já possuía as principais obras em meu acervo, então dei um certo foco nessa questão e depois parti para fontes que encontrei na internet.

No caso de Vicente de Lemos, eu já tinha escrito um artigo para a Revista do IHGRN #100, então revisitei o texto e as fontes que encontrei na época, mas a nova pesquisa vou muito gratificante, porque cheguei a encontrar anotações e grifos de meu pai em obras que possuímos em nossa biblioteca sobre Vicente de Lemos, então pude colocar novas informações, porém, em virtude das normas editoriais acabei tendo de cortar muitas coisas, então não senti uma real novidade, porém tentei deixar o texto mais compreensível por parte do grande público.

No caso de Antonio Soares, ele fez parte por muitos anos da comissão responsável pela Revista do IHGRN, então ela foi a minha principal fonte para escrever sobre a personalidade. Mas também tinha algumas obras dele na minha biblioteca. Outra coisa que me ajudou bastante foi a nota explicativa de Antônio Soares de Araújo Filho em uma obra póstuma do pai.

Nestor dos Santos Lima também teve muita atuação na Revista do IHGRN, porém também teve uma vasta produção bibliográfica, especialmente na área do Direito, Educação, Geografia e História, então o mais difícil foi determinar o que eu iria abordar. Me deparei com muito material, porém ao encontrar certos documentos e comparar os dados, muita coisa não batia, então eu preferi não colocar por não ter confiança na informação.

Por fim, teve João Wilson de Mendes de Melo, uma perda ainda recente. Só encontrei um artigo escrito por ele na Revista do IHGRN, então usei mais materiais provindos da Revista da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, onde ele era mais ativo, e do blog pessoal dele. Ele foi o primeiro artigo que escrevi de fato, então foi bem chocante descobrir o quanto ele influenciou o cenário potiguar e nacional, isso fez com que eu ganhasse ainda mais ânimo para pesquisar sobre as demais personalidades.

Boa parte do material digital que consegui foram provenientes do Repositório do LABIM/UFRN, repositórios digitais de universidades brasileiras e repositórios digitais internacionais. Agradeço a todas as instituições e profissionais responsáveis por estes serviços.

Sobre a redação, para mim foi a pior parte, porque eu tenho muita dificuldade em botar as coisas no papel e ainda sinto que minha escrita é muito deficitária. Mas, as normas editoriais ajudaram, principalmente a fugir um pouco daquele texto mais acadêmico, não quanto ao rigor, mas à forma. Outra coisa que interessante foi a liberdade quanto a forma literária. Mesmo que minhas tentativas de mudar minha forma de escrita não tenham dado certo, creio que foi algo positivo.

Espero ter conseguido equilibrar o rigor da pesquisa com uma linguagem que pudesse alcançar leitores diversos, sem 4abrir mão da responsabilidade histórica.

 

Historiadores do Rio Grande do Norte

O livro está disponível para download gratuito no site da editora Biblioteca Ocidente, https://revistagalo.com.br/selo-bo/, e também em gustavosobral.com.br. Para quem deseja adquirir a versão impressa, o título pode ser encontrado na loja UICLAP.

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Gustavo Sobral

Sobre o autor: Gustavo Sobral

Gustavo Sobral é jornalista e escritor, tudo que escreve, rabisca e publica está disponível no seu site pessoal gustavosobral.com.br