Jornalistas lançam livro mostrando como a comunicação impressa se estruturava

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por Redação Tribuna do Norte
1 de julho de 2025

O que era notícia em terras potiguares há quase 200 anos? Os jornalistas e pesquisadores Gustavo Sobral e Juliana Bulhões reviraram páginas de uma imprensa ancestral para escrever o livro “História do jornalismo no Rio Grande do Norte (1832–1889)”, seu mais novo trabalho sobre a memória jornalística do estado. A obra mergulha no século XIX para mostrar como a comunicação impressa se estruturava numa época repleta de transformações e limitações. O prefácio e edição são do historiador Francisco Isaac Dantas.

A pesquisa foi feita sem que os autores precisassem sair de casa. Os jornais pesquisados estão perfeitamente conservados e digitalizados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Segundo Gustavo, o mais trabalhoso foi ler edição a edição, ano a ano, dos jornais. “Claro que não são todos os jornais potiguares do século XIX que estão na Hemeroteca, mas é um corpus significativo que atendeu ao nosso intento de traçar um panorama”, diz.

A imprensa potiguar se firmou entre os períodos imperial e início do republicano, justamente o recorte abordado pelos autores. “O primeiro jornal de Natal foi criado em 1832, portanto, começamos daí. Percebemos que a República marca não só uma mudança de regime, mas também no jornalismo: deixamos de ter inúmeros jornais circulando ao mesmo tempo e semanais – característica do jornalismo do século XIX – e passamos a ter um jornal diário, dominante, que foi a República”, conta Gustavo.

O livro aborda vários aspectos da imprensa oitocentista no RN, do modo como era elaborada, destacando a figura do tipógrafo, passando pelas notícias, anúncios, reportagem, crônica, o indianismo e a escravidão, e até mesmo os primórdios de um jornalismo feminino. “É impressionante o quanto o jornalismo reflete o seu próprio tempo, é um espelho; e mais interessante é que ler estes jornais hoje é como ver a história acontecendo em tempo real”, diz.

Imprensa antenada

Algo que impressionou os pesquisadores é que, mesmo com as limitações de comunicação do século XIX, havia uma ótima conexão entre os jornais potiguares e demais partes do país. “Embora distante da capital, os jornais do RN estavam atualizados com o que acontecia nas províncias vizinhas, no Brasil e no mundo, muito mais do que com o interior, com o sertão”, ressalta o autor.

Gustavo Sobral destaca uma das primeiras grandes reportagens já feitas na imprensa natalense, quando o presidente da província (equivalente ao governador de hoje), toma um navio em Natal, desce em Macau e vai percorrer o sertão a cavalo para conhecer o Rio Grande do Norte.

A pesquisa de Gustavo e Juliana sobre a memória da imprensa potiguar é extensa, e passa por artigos que ambos escrevem para periódicos de comunicação ou história, e em livros, que traçam como um grande ensaio para todo mundo ler e conhecer. E tudo, tanto os artigos científicos quanto os livros, são deixados disponíveis gratuitamente no site de Gustavo Sobral para quem quiser ler.

Os jornalistas e pesquisadores já publicaram sobre o assunto os livros “Memórias do Jornalismo no Rio Grande do Norte” e “Memórias do Jornalismo no Rio Grande do Norte: As jornalistas”. Além destes, escreveram também “Jornalismo, biografia e crônica” e “Manual de Assessoria de Imprensa”.

Serviço:
Livro “História do jornalismo no Rio Grande do Norte (1832–1889)”, de Gustavo Sobral e Juliana Bulhões. A obra pode ser comprada impressa ou baixada no site gustavosobral.com.br

 

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Gustavo Sobral

Sobre o autor: Gustavo Sobral

Gustavo Sobral é jornalista e escritor, tudo que escreve, rabisca e publica está disponível no seu site pessoal gustavosobral.com.br