IHGRN, a Casa da Memória
Texto Gustavo Sobral, ilustração Arthur Seabra
Seu estilo é ser neoclássico, erguido em 1906, na Cidade Alta, Natal/RN, bem vizinho à igreja matriz. Suas janelas deságuam na calçada, que a estrutura elevada da rua distancia do rés do chão. Passam pela casa os ventos e a luz que as suas janelas abertas confiam, marca do transitório no perene registro da história que a casa guarda em objetos e livros.
São coisas que a gente antiga classificaria como cacareco, que a nova designaria velharia e que a história marcou como registro do tempo. Numa escrivaninha, está o primeiro telefone da cidade, que não mais liga. Nas paredes do salão, há retratos de toda gente que fez a história do Rio Grande do Norte e daquela casa, lá assinalados, como Câmara Cascudo e toda a sucessão de personalidades potiguares.
A casa da memória é o depósito do tempo. Casa museu e casa biblioteca, serve aos estudantes para pesquisa e serve ao turista como reunião de preciosidades. O pelourinho da cidade, onde se açoitavam escravos, a Coluna Capitolina presente do governo italiano: tudo que foi memória e que faz história encontra-se ali.
Reza que não é lenda Cascudo descer a Junqueira Aires a caminho de casa levando documentos para compor capítulos e mais capítulos, com tudo que escreveu; bem como que ali se reuniam e se reúnem intelectuais para narrar a história em discursos, palestras, encontros, ou no silêncio do arquivo histórico, na pesquisa a documentos da colônia, do império, do tempo do não mais, para assim contar, dizer e escrever a história da cidade e a história do Rio Grande do Norte.
Ao instituto, a memória do Rio Grande do Norte é tributária. Tudo conta, nada perece. Jornais antigos, fotografias, relíquias, documentos raros. A primeira pia batismal da cidade ali se vê, assim como os paramentos do primeiro bispo. A memória está ali guardada.