Cinema Rio Grande

texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra

Por suas telas desfilaram reproduções de mocinhos e bandidos, donzelas e até beijos românticos. Sustos e um gorila audaz. Foi mudo e preto e branco, depois falado, legendado e colorido, mas sempre em ampla sala escura de exibições que conduz a plateia a viajar pelas cenas que passam. Abrigo da sétima arte, grande revolução da imagem posta em movimento e parte da vida de todos.

Quem não conhece Carlitos e com ele se emocionou, consagrado personagem do criador e ator, figura maior, Charles Chaplin? Ele, e tantos outros, um cidadão Kane, um corpo misterioso que caía, uma revolta de pássaros, psicose e até odisseia no espaço andaram por essas telas, conquistando multidões entre pipocas, doces e refrigerantes.

Acomodados nas poltronas ao apagar das luzes, à espera do enredo, da surpresa e do encanto. A pura magia. Tantas turmas de amigos se reuniram para as sessões, tantas filas se formaram em suas portas, tantos bilhetes foram vendidos e casais se deram as mãos, suspiraram e sonharam com o primeiro beijo.

Vida que se passa diante da grande tela. Nas calçadas, os cartazes anunciavam os horários, fixavam preço, divulgavam os filmes. O sucesso maior na estreia, a casa lotada, os filmes esperados com ansiedade. Tudo compõe a história das salas de exibições, os cinemas, o Cine Rio Grande. Prédio imponente, amplo, com entrada pela esquina, o Rio Grande foi construído na década de 1940 e conserva todos os elementos do estilo em moda Art Déco.

Se os planos e as linhas são retas, também coisa do moderno, o jogo de volumes geométricos, a marquise na fachada e os elementos decorativos, sem arabescos que o revestem, contam que ele é totalmente Déco. Prédio mais imponente da Av. Deodoro da Fonseca, Natal/RN, na época, com mil e seiscentos lugares disponíveis. Iniciativa da firma natalense Moreira, Souza Ramalho & Cia, com equipamento cinematográfico adquirido na RCA.

Inaugurado em 1949, com discurso e exibição do filme Minha Rosa Silvestre, a que se seguiram tantas sessões até fechar as postas, nos anos 1980. O mais são histórias diante das telas, vividas com emoções de cada um, a cada fita que se desenrolava.

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Gustavo Sobral

Sobre o autor: Gustavo Sobral

Gustavo Sobral é jornalista e escritor, tudo que escreve, rabisca e publica está disponível no seu site pessoal gustavosobral.com.br