Honório de Medeiros saúda Gustavo Sobral
Discurso proferido em 01 de dezembro de 2021, no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte por Honório de Medeiros em saudação a Gustavo Sobral agraciado com o título de sócio benemérito da instituição.
Esta Casa recebe, de braços abertos, Gustavo Sobral no seu quadro de associados beneméritos.
De Gustavo Sobral, digo assim: quem o conhece, não precisa ser-lhe apresentado; quem não o conhece, é necessário conhece-lo.
Multifacetado, nele coexistem o artista plástico, o memorialista, o pesquisador full-time, o literato, o ensaísta, o bacharel em Direito e Jornalismo. Não satisfeito, recebeu um diploma de mestre em estudos da mídia, por puro desfastio. Ainda por cima, edita livros e revistas.
Há outras características suas que eu, particularmente invejo, ao mesmo em que lhe rendo minhas homenagens: a capacidade de fazer sonhar, empreender e liderar.
Pois muito bem: todo esse amálgama de qualidades, algumas delas raras, ele colocou à disposição do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, movido por sua paixão pela cultura e história.
E, então, sonhou, empreendeu, liderou – eu sou um seu liderado, por exemplo – sem pedir nada em troca, e carregou livros, e suou, e calejou as mãos e a alma em todo esse processo que nós esperamos que não se finde jamais.
Gustavo Sobral é brilhante, naquele sentido antigo do termo, quando as palavras, por si somente, valiam por seu estilo e conteúdo, tão diferente de hoje em dia, quando nos parece que elas nada valem.
Confesso aos senhores que ando ficando ensimesmado, perdoem-me a confissão pouco acadêmica. Tendo ao isolamento. Mergulho no passado como se querendo antecipar essa prestação de contas que todos fazemos na medida em que se vai a primavera e o outono desembesta acelerado, com medo do inverno que desponta. Estações da vida.
Salvam-me uns poucos, dentre eles Gustavo Sobral e seu humor sofisticado, original, sua arguta observação do nosso cotidiano, como quando aposentou sua elegante bengala e me afirmou que “somente lhe importava as coisas que são do seu agrado, e enquanto assim for, tudo fluirá, o vento soprando ao contrário eu pego o meu bisaco e ganho o mundo”. E rematou: “E agora que ando com duas firmes e sem bengala, ainda vou ligeiro”.
Finalmente, mantendo a tradição de discursos curtos, pouco formais, mas nem por essa razão menos atentos à verdade dos fatos, bem como submissos ao rigor da forma, tomo a liberdade de expressar a honra que é pertencer ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte ao ilustre empossando.
Sem, entretanto, descurar que também é uma honra receber, no mesmo Instituto, Gustavo Sobral.
Uma das melhores Casas, recebe um dos melhores integrantes do mundo da cultura.
Tenho dito.