Mocó o pintor do mundo
Gustavo Sobral entrevista o pintor Mocó
Ele diz que é romântico em fase renascentista. E já foi do Barroco ao contemporâneo. Ele é na verdade um grande artista que pinta e pensa, pensa e pinta, e conta nesta pequena entrevista que para pintar a matéria é o que se usa em menor quantidade. Diretamente da Califórnia, onde mora, vive e pinta: Mocó, um artista brasileiro do mundo.
GS: O que é uma obra de arte?
M: uma sensação misteriosa entre um objeto artístico e o espectador.
GS: O que cabe numa tela?
M: muito mais que a matéria.
GS: E a matéria?
M: a matéria é o que se usa em menor quantidade.
GS: A arte tem tamanho?
M: O artista tem o privilégio de trabalhar com o infinito.
GS: Quando um quadro se torna um quadro?
M: Quando é aceito pelo espectador.
GS: E no atelier…
M: estará sempre suscetível as mudanças de espirito de artista.
GS: A ausência da cor é…
M: Malevich conseguiu arrancar suspiros numa tela completamente branca.
GS: E a presença?
M: prender a atenção nos detalhes.
GS: O que é mais importante para o artista?
M: Na mesma alta intensidade: coragem e personalidade.
GS: O que é preciso para ser um pintor?
M: Pegada, arrancar suspiros, incomodar. Goste ou não se goste.
GS: Com quantas camadas se define uma tela?
M: com camadas de tinta e camadas de mistério.
GS: Para pintar o sete é preciso….
M: Determinação, entusiasmo e obstinação.
GS: O que você pinta?
M: Zeitgeist! Eu pinto o clima intelectual e cultural do mundo.
GS: O que mais inspira um artista?
M: O incômodo, a carência e o saudosismo.
GS: Quando nasce o artista?
M: Acidentalmente. Não há formulas, não há parâmetros, nem etários, nem biológicos nem muito menos estereotípicos.
GS: Quando nasceu Mocó, o artista?
M: Na alforria da maturidade, exercício pleno da condição de ser artista.
GS: Quem é Mocó por Mocó?
M: Um romântico agudo e sectário que não toma remédios.
GS: O que ainda não fez e pretende?
M: Mas fiz coisas que nem percebi.
GS: Arte é tudo?
M: Arte é tudo na vida!