Personagens da Biblioteca Nacional: Rodolfo Garcia
Quem foi Rodolfo Garcia? Historiador, diretor da Biblioteca Nacional (1932-1945), os contemporâneos dele disseram: olhos de míope por trás dos óculos, cachimbo britânico no bico e um sorriso voltariano, solucionador das causas históricas, aquele que nos ensinou o Brasil. É esta figura que vamos encontrar e descobrir nesta conversa sobre o historiador e a sua obra dispersa, procurando compor um retrato deste personagem nada oculto da BN.
O que faz um diretor da Biblioteca Nacional? A resposta pode variar tanto quanto os personagens, lugares e tempos. Enquanto diretor da BN entre os anos de 1932 e 1945, Rodolfo Garcia não se ateve as incumbências administrativas, mas dedicou muito de seus esforços na ampliação e organização de acervos. Dentre seus vários escritos está a edição dos Anais da Biblioteca Nacional, nos quais foram publicados conjuntos de documentos disponíveis no acervo da BN. Coube a ele escrever as introduções explicativas destas obras. Nelas, observamos prescrições metodológicas feitas aos pesquisadores, especialmente, a respeito de como deviam ser lidos os documentos, bem como o papel delegado à BN enquanto promotora de uma cultura nacional ilustrada.
A indagação a respeito do ofício polivalente de Rodolfo Garcia põe em pauta a atuação dos letrados na coleta, seleção e divulgação de documentos históricos e sua relação com os desafios, possibilidades e limitações da historiografia brasileira na primeira metade do século XX.
Rodolfo Augusto de Amorim Garcia nasceu em Ceará-Mirim, Rio Grande do Norte, no ano de 1873 e faleceu no Rio de Janeiro em 1949. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 2 de agosto de 1934 e empossado em 13 de abril de 1935. Em 1930, se torna diretor do Museu Histórico Nacional e, em 17 de novembro de 1932, é indicado para assumir a direção da Biblioteca Nacional.
Desde que passou a morar no Rio de Janeiro, Rodolfo Garcia vivia às voltas com a intelectualidade da época. Se torna amigo do Conde de Afonso Celso, de Américo Lacombe, Capistrano de Abreu, Hélio Viana, Afrânio Peixoto, Pedro Calmon, José Honório Rodrigues e tantos outros. Escrevia em jornais, revistas e boletins publicados por instituições culturais. Dividiu, com Capistrano de Abreu, a árdua tarefa de anotar a 3ª edição da História Geral do Brasil, de Varnhagen. Colaborou ainda com o Dicionário histórico, geográfico e etnográfico do Brasil, organizado pelo Instituto Histórico, no qual escreveu a “Etnografia indígena” e “História das explorações científicas no Brasil”. Rodolfo Garcia também deixou o texto: “Classificação bibliográfica, da classificação decimal a suas vantagens”, publicado no Boletim do Museu Nacional em 1929.
Na Biblioteca Nacional, uma das coleções editoriais é em sua homenagem. A Coleção Rodolfo Garcia é dividida em duas séries – textos, e catálogos e bibliografias – em que apresenta, na primeira, estudos sobre grandes corpos documentais do acervo e coletâneas de documentos e, na segunda série, inventários completos de algumas das mais importantes coleções existentes na instituição.
Para falar desse que foi um dos mais importantes diretores da Biblioteca Nacional e intelectual brasileiro, convidamos a historiadora e artista plástica Denise G. Porto, para falar do papel de Rodolfo Garcia na incorporação das obras de Maria Graham ao acervo da BN; a bibliotecária Gabriela Bazan Pedrão para tratar de seu impacto na Biblioteconomia brasileira; a historiadora Gabriela D’Avila Brönstrup para radiografar o lugar de Rodolfo Garcia na intelectualidade da época; e, o jurista Gustavo Sobral para um traçado biográfico mais amplo, desde as origens potiguares de Rodolfo Garcia.
A Fundação Biblioteca Nacional convida para um episódio da série “Lives da BN”.
Quinta-feira, 12 de agosto de 2021, 17h.
Personagens da BN | Rodolfo Garcia
Por Denise Porto (Historiadora e Artista Plástica), Gabriela D. Bronstrup (Professora e ex-PNAP-FBN) e Gustavo Sobral (Advogado)
Denise G. Porto é historiadora, e artista plástica, doutoranda no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em História da Universidade Salgado de Oliveira (PPGH-UNIVERSO). É Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História, na mesma instituição sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Mary Del Priore. Licenciada em História pela Universidade Estácio de Sá. Colaboradora do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro – IHGRJ e Sócia Honorária do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói-IHGN. É autora do livro Maria Graham, uma inglesa na Independência do Brasil, lançado pela Editora CRV, em 2020 e coautora dos livros digitais: Mulheres na História: inovações de gênero entre o público e o privado, publicado pela Editora Literar em 2020 e História: Diálogos Contemporâneos 3, publicado pela Editora Atena em 2019. Pesquisa a trajetória da escritora e intelectual inglesa Maria Graham (1785-1842) durante os anos em que ela esteve em terras brasileiras, de 1821 a 1825, e a contribuição de sua produção escrita e pictórica para a historiografia dos anos da Independência do Brasil. Publica regularmente artigos em anais de congressos de História, revistas especializadas, livros, e-books nacionais e estrangeiros, nas áreas de História do Brasil, além de participar de entrevistas e palestras em plataformas digitais para instituições acadêmicas e do grande púbico. Ademais, possui formação interdisciplinar na área das Artes Plásticas. Relativo à sua formação artística, frequentou o curso de Pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. No Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM foi aluna assistente do artista plástico Aluísio Carvão e frequentou as classes de pintura dos artistas Gastão Manoel Henrique e Anna Bella Geiger. Na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, foi aluna de desenho e pintura nas classes do artista plástico John Nicholson. Com trabalhos contemplando as técnicas de desenho e pintura, participou do movimento artístico carioca “Como vai você Geração 80” e ainda, de outras diversas exposições coletivas e individuais, realizadas em salões de arte, museus e galerias, nacionais e internacionais.
Gabriela D’Avila Brönstrup é historiadora e ex-pesquisadora do PNAP-FBN, possui graduação em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2010), especialização em História, Arte e Cultura pela UEPG e mestrado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (2015). A dissertação de mestrado “Um ofício polivalente: Rodolfo Garcia e a escrita da história (1932-1945)” orientada pela Dra. Karina Anhezini e financiada pela FAPESP e pelo PNAP-FBN, e ainda vencedora no Concurso de Teses, Dissertações e Monografias, Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia – SBTHH, por onde publicou em livro no formato digital.
Gustavo Sobral é advogado, jornalista e escritor, nasceu e vive em Natal, Rio Grande do Norte. Graduado em Direito e Jornalismo, mestre em Estudos da Mídia (UFRN), dedica-se à escrita de ensaios e à publicação de livros e revistas e conserva tudo numa página pessoal gustavosobral.com.br. Foi diretor de Biblioteca, Arquivo e Museu do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte, o IHGRN, e editor da revista mais que centenária da instituição. Foi quando descobriu a figura de Rodolfo Garcia e partiu para investigar, escrevendo um breve trabalho sobre o historiador que tirou da gaveta e resolveu publicar.
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Confira na íntegra o ensaio de Gustavo Sobral sobre Rodolfo Garcia: Rodolfo Garcia; e leia aqui um entrevista com o jornalista sobre o livro: Uma conversa sobre Rodolfo Garcia.