No passo da História
Jornal de WM. Woden Madruga. Tribuna do Norte, 17 de março de 2019
O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte acaba de publicar Institutos Históricos Geográficos do Brasil, trabalho organizado pelos pesquisadores André Felipe Pignataro, Gustavo Sobral e Pedro Simões, onde se conta um pouco da história dessas instituições em 20 estados e do Distrito Federal. A pesquisa contou com a participação de outros pesquisadores, todos integrantes da equipe do IHGRN: Cristiane França Bezerra de Melo, Igor Oliveira da Silva, Marcus Victor Siqueira Josuá Gomes e Rosélia Cristina de Oliveira. Ilustrações de Amanda Carreras Simões Lima e Souza.
O mais antigo Instituto Histórico e Geográfico do país é o de Pernambuco, fundado em 1862, seguido do de Alagoas (1869), do Ceará (1882) e o da Bahia, em 1894, o mesmo ano do de São Paulo. Logo em seguida, o de Santa Catarina (1896) e os do Pará e do Paraná, juntos, em 1900. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte é o sétimo mais antigo do país. Foi fundado em 29 de março de 1902. Era governador Alberto Maranhão, que presidiu a sessão.
A pesquisa revela que entre os fundadores aparecem outros governadores. Dois já com mandatos já cumpridos, Pedro Velho e Ferreira Chaves, e outros que ocupariam o poder depois, como Augusto Tavares de Lira, Manoel Moreira Dias e Antônio José de Melo e Souza. Não esquecer que Ferreira Chaves, Alberto Maranhão e Antônio de Souza foram governadores por dois mandatos, cada.
Na solenidade de fundação também estavam presentes o prefeito de Natal (Presidente da Intendência, como se dizia na época), Joaquim Manuel Teixeira de Moura, o ex-vice-governador Francisco de Sales Mem de Sá (governo Ferreira Chaves), que depois seria senador da República. Naqueles tempos os políticos eram chegados às coisas da Cultura, prestigiavam os eventos culturais e artísticos. Lá estavam também intelectuais políticos como Eloy de Souza (jornalista, escritor, deputado federal e senador) e o irmão Henrique Castriciano, poeta, educador, vice-governador. Mais dois grandes nomes entre os fundadores: o jornalista e escritor Manoel Dantas (que foi prefeito de Natal) e o magistrado e historiador Vicente Simões Pereira de Lemos, que presidiu o Instituto.
A fundação do IHGRN ocorreu numa das salas do antigo Atheneu, onde se instalou a sua sede. Quatro anos depois, 1906, viria para sua sede definitiva, o bonito prédio (de linhas neoclássicas) localizado na rua da Conceição, mandado construir pelo governador Augusto Tavares de Lira. Faz gosto de passar por lá e ver o prédio muito bem cuidado (destaque para seu jardim aconchegante), guardião da história potiguar.
Seguindo pelas veredas das pesquisas vou bater em Brasília, que tem o instituto mais novo, fundado em 1964: o IHG-DF (Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal). Entre os seus fundadores, um norterio-grandense ilustre, Edilson Cid Varela, nascido em Macaíba (1913). Foi o pioneiro do jornalismo em Brasília, quando lá chegou em 1960 para fundar o Correio Brasiliense, o primeiro jornal da nova capital do país, e a TV-Brasília. O doutor Edilson, como todos nós o chamavam, integrava o alto escalão dos Diários e Rádios Associados sob o comando de Assis Chateaubriand. A época já dirigia os Associados no Rio de Janeiro para onde se mudou em 1954. Era, então o diretor da empresa aqui em Natal (Diário de Natal, O Poti, Rádio Poti). No governo de Rafael Fernandes, a partir de 1939, foi diretor da Imprensa Oficial do Estado e do jornal A República. Em 1943 ingressou nos Associados.
Doutor Edilson Varela faleceu em 3 de junho de 1990, em Brasília. Tinha 77 anos. Anda esquecido por aqui, terrinha que lhe deve muitos favores. O jornalismo potiguar lhe deve muito. Mesmo assim, na geografia de Natal não sei de nenhuma rua como o seu nome. Uma simples placa na casa da esquina.
Livros disponível para download gratuito: Institutos históricos e geográficos do Brasil