O dia em que descobri a minha verdadeira identidade

Um dia se pode descobrir que até as certezas podem ser incertas

Tudo pode se perdido. Inclusive, a identidade. Erros acontecem. É. Agora acredito. Todo instante é decisivo. Era o que pensava, enquanto o funcionário remexia caixas arquivos e pastas, e dentro das pastas mais pastas e, nas pastas, os papéis que sobreviviam ao calor da sala. É que a funcionária na tarde anterior me informara: seu documento está duplicado, você precisará ir ao arquivo para saber quem está com a sua identidade. Então a história começa um homem duplicado. Fui em menos de 24h da situação de duplicado para um homem sem identidade. Imagine que foi toda uma vida utilizando uma identidade que não era sua, imagine todo os mil cadastros que fazemos pela vida, todas as vezes que solicitaram a sua identidade e você sem saber, era uma farsa, era duplicado, um homem sem identidade. O que fazer?, pergunto ao funcionário quando ele de fato acha nas listas carcomidas que meu número é agora final 73. Por hora, veio até o alívio, bom saber que a partir de hoje não serei duplicado, e de fato terei a minha identidade verdadeira. Deixei de ser falso.

 

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Gustavo Sobral

Sobre o autor: Gustavo Sobral

Gustavo Sobral é jornalista e escritor, tudo que escreve, rabisca e publica está disponível no seu site pessoal gustavosobral.com.br