O acontecimento
Um banho de mar, um peixe e um instante decisivo
Banho de mar é umas das alegrias matinais do veranista, que entre o vai e vem e o sobe e desce nas ondas, vive o momento indescritível da leveza que deveria ser a vida. Estar nas águas não tão plácidas, pois um pouco agitadas do mar de Muriú, numa manhã radiante de sol, pode ser um dia algo não tão banal ou comum como os dias do verão que se repetem no infinito embaralhar do calendário. Eis que, entre uma onda e outra, neste joie de vivre de verão, sem querer ou esperar, um acaso sem destino, tampouco necessidade, um instante desses raros, acontece. Um belo exemplar da ordem dos siluriformes, o chamado peixe Bagre, habitante das águas da América do Sul, portador de ferrões e veneno, foi de encontro ao pé e o pé ao encontro dele. Juntos e inseparáveis pelo ferrão, uma inusitada pescaria com o pé. Até o esperado, ansiado, desejado momento oportuno, já socorrido, à beira-mar, que trouxe um alicate para a separação necessária. Resultado: cuidado comigo que eu agora ando envenenado. Esta crônica é dedicada à equipe de salvamento: Marcella, Manuela, Zazá, Carlos, Eclieze, Orígenes Monte, dona Raimunda e Zelma e aos médicos Paulo Sobral (PS) e Leonardo Sampaio e às recomendações da doutora Glenda Rocha. Pós-escrito: PS: em hipótese alguma acontecerá comigo, porque eu não invento de tomar banho de mar. Comentário de Ruth Leite ao comentário de PS: pois não sabe o que está perdendo!