Três quedas

Acontecimentos improváveis podem se assuceder por gerações

Cavalo é um animal confiável. Utilíssimo como meio de transporte. Antes de o automóvel pensar em dar a sua primeira buzinada, era o cavalo pessoal quem dava as rédeas para todos os caminhos. Acidentes eram possíveis e alguns até inimagináveis e continuam a ser. Aqui, porventura, o que se registra é a notícia de três. E na mesma família. O primeiro, até saiu no jornal, não se sabe se pela gravidade do feito, e foi grave, ou pela importância que tinha o acidentado, figura ilustre no seu tempo; o segundo, não se sabe da queda. Só do resultado, e ficou no testemunho do velho mestre Tião Oleiro, que disse: seu bisavô Joca puxava de uma perna porque caiu do cavalo. Joca era João Xavier Pereira Sobral, do Engenho Laranjeiras, e a queda deve ser coisa do começo do século XX. A terceira queda, aí foi o bisneto de Joca, pasmem ou não, o autor destas linhas, e já no século XXI, episódio que se contara em outra oportunidade, mas registre-se que sua fama é de bom cavaleiro o que leva a crer que mesmo prudente e bom cavaleiro, ninguém está a salvo do perigo da queda. De maneira que o que aqui se registra três quedas que somam ao final três séculos de quedas na família, porque o primeiro acidentado era irmão do segundo; e o terceiro, bisneto do segundo. E vamos à notícia! Saiu em A República em 26 de outubro de 1897, achado gentilmente remetido pelo pesquisador-amigo, André Felipe Pignataro, que até desconfia que “ou os dois irmãos caíram do cavalo, ou Tião confundiu Francisco com Joca, ou o jornal trocou as bolas”: “No dia corrente, à tarde, na ocasião em que ia do seu engenho para a cidade do Ceará-Mirim, o nosso distinto amigo e correligionário Tenente Coronel Francisco Xavier Pereira Sobral caiu do cavalo que montava, fraturando a perna direita. Felizmente, somos informados de que seu estado não aspira sérios cuidados e fazemos votos pelo seu breve reestabelecimento”. Para alívio de todos, informo que ele se recuperou e bem, pois disso não veio a falecer e até o fechamento deste escrito não se ficou mais sabendo nos últimos três séculos de mais nenhuma queda na família.

 

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Gustavo Sobral

Sobre o autor: Gustavo Sobral

Gustavo Sobral é jornalista e escritor, tudo que escreve, rabisca e publica está disponível no seu site pessoal gustavosobral.com.br